Revelação

02/06/2011 21:46

 

Apocalipse - O Livro da Revelação - Estudo 1

Lincoln A. A. Oliveira

Apocalipse - O Livro da Revelação - Estudo 1

 

 Apocalipse 1:1-8

1. Introdução

Este é o primeiro de dois estudos que estaremos desenvolvendo sobre o livro do Apocalipse. Nessa época de mudança de milênio, o assunto passa a ter um interesse maior, à medida que é comum se associar Apocalipse às coisas referentes ao final dos tempos. Como veremos ao longo desses estudos, porém, encontraremos mensagens desse último livro da Bíblia não apenas endereçadas ao futuro, mas também ao passado e ao nosso presente.

Antes de entrarmos nos textos e nos assuntos do livro propriamente dito, é importante que consideremos alguns pontos essenciais para o entendimento da mensagem do Apocalipse. Por isso é que nessas primeira lições estaremos tentando responder a algumas perguntas tais como: Por que o livro foi escrito ? Qual o contexto histórico ? Qual o seu objetivo ? Qual a linguagem usada no livro ? É a mesma usada nos demais livros da Bíblia ou é diferente ? Para quem foi escrito o livro ? Por que o autor usou linguagem tão carregada de símbolos, tão codificada ou “encriptada”? Como decodificar essa linguagem ? Nosso grande desafio, portanto, será procurar descobrir e entender o que este livro da Bíblia tem a nos revelar.

2. A Questão da Linguagem

Para se ter um correto entendimento sobre a mensagem do Apocalipse, é fundamental conhecer um pouco sobre a linguagem utilizada no livro. O texto deste livro pertence a uma classe especial de escritos conhecidos como apocalípticos. Trata-se de um tipo de literatura surgida inicialmente no Antigo Testamento, em épocas de tribulações, provações, sofrimentos e tristezas. Apocalipse não é o único livro da bíblia que se utiliza deste estilo. O livro de Daniel, por exemplo, é considerado literatura apocalíptica. O mesmo se pode afirmar para trechos dos livros de Isaias (13 a 14), Ezequiel (1 e 28 a 39), e ainda, Joel (2 a 3) e Zacarias (9 a 14). No período a partir do ano 210 a.C. e até cerca de 200 d.C. vamos encontrar a maior produção de textos apocalípticos, a maioria textos fora do cânon da Bíblia. Entre eles, estão os chamados apócrifos, tais como O Livro de Enoque, Apocalipse de Baruque, Assunção de Moisés, O Livro do Quarto Esdras e outros. O Apocalipse de João, livro que é tema de nossa série de estudos, possivelmente foi escrito na época do imperador Domiciano que governou o império romano entre 81 e 96 d.C. Os escritos apocalípticos têm em comum vários pontos que caracterizam uma linguagem. Alguns desses pontos são:

• Salientam esperança e expectativas escatológicas, isto é, ligadas às últimas coisas ou à consumação da história;

• Asseguram a intervenção de Deus para a redenção do seu povo;

• Interpretam conflitos e problemas em curso, à luz do fim da história. O texto sempre está associado a uma situação histórica crítica. Conhecer essa situação histórica facilita a interpretação do texto Os textos em geral se propõem a fornecer conforto, segurança e coragem em dias difíceis;

• Apresentam mensagens dentro de uma estrutura de visões e êxtases que seus autores tiveram. Estas visões são descritas numa série de símbolos extraordinários, tais como, criaturas estranhas, bestas e animais voadores fantásticos;

• Utiliza uma linguagem rica no uso de símbolos, muitos deles, secretos. O autor precisava descrever o "indescritível" e ver o "invisível". Além disso, face ao ambiente de perseguição e opressão existentes, os símbolos eram usados como “criptografia”, isto é, o texto era codificado para que somente aqueles que conhecessem a chave para decodificá-lo pudessem entender seu conteúdo. O principal motivo para isso era sobreviver à censura e à perseguição do inimigo opressor que certamente destruiria o texto e mataria seu autor, caso conhecesse o verdadeiro significado do escrito;

• Identificam seus autores por meio de pseudônimos para serem melhor aceitos pelo povo, escapando ao mesmo tempo, da oposição e opressão dos inimigos políticos. O livro que estamos estudando, entretanto, não seguiu essa regra, à medida que João se nomeou seu autor. Ele declara seu nome, mas esconde sua mensagem no estilo e na codificação da literatura apocalíptica. Na época, João estava exilado na ilha de Patmos e temia ser impedido de divulgar os seus escritos, pelos romanos, seus opressores;

• Apresentam sempre um elemento de predição. Convém observar, entretanto, que tais predições tendem a ter um caráter genérico, não se prendendo a detalhes. Isso indica a necessidade de uma boa dose de cautela quando da busca de informações sobre o futuro;

Quando comparado com os demais textos apocalípticos apócrifos, apesar de usar a mesma linguagem, O Apocalipse de João mostra-se mais bem organizado. Ele apresenta também uma mensagem com maior alcance no que se refere ao entendimento da soberania de Deus na História e ao processo redentivo para o ser humano.

3. Por Que o Livro foi Escrito ?

Vamos verificar, ao longo dos próximos estudos, que o Apocalipse foi escrito em um período de grande crise e perseguição contra a igreja primitiva. Ele foi escrito para aqueles crentes perseguidos, que viam eles próprios, suas famílias e seus bens serem dizimados pela “besta apocalíptica”, que almejava destruir o Cristianismo. É um livro escrito para aquele contexto, mas que serve para nós hoje, à medida que a História, com seus ciclos, volta a nos apresentar situações semelhantes àquelas encontradas no passado. Seja com opressões físicas ou materiais, como temos visto em vários momentos, nesses últimos dois mil anos, seja com opressões mais sutis, restritas ao nosso interior, que contribuem para nossas crises, nossas perdas, nossas dores, nossas angústias, frustrações e derrotas, O Apocalipse de João vai nos revelar que o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo, nos dará a vitória em Cristo Jesus.

É este Cordeiro, é que é o Alfa e o Omega, é Aquele que é, que era e que há de vir, é Ele que “...nos ama e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados”. É Ele que nos fará mais que vencedores em nossa jornada terrena. Este Cordeiro, é Jesus de Nazareth.

 

Apocalipse - A Vocação para a Revelação - Estudo 2

Lincoln A. A. Oliveira

Apocalipse - A Vocação para a Revelação - Estudo 2

 

 Apocalipse 1:9-20

O Apóstolo Chamado para a Revelação

O Imperador Domiciano (81 a 96 d.C.) governava o império romano de forma despótica. Ele se considerava um deus, espalhava imagens suas pelo império, punindo com martírio, exílio, torturas, confisco e a morte quem não as adorasse. Estabeleceu sistema de delatores, que agiam como verdadeiros flagelos. Os cristãos da época acabavam recebendo todo o impacto dessa política, uma vez que o império estava sendo banhado com o seu sangue. O Apóstolo João, autor do livro de Apocalipse, encontrava-se exilado na ilha de Patmos, como resultado das perseguições em curso. Lá, ele teve a oportunidade de refletir sobre o significado do conflito que havia surgido entre o Estado Romano e a Igreja Cristã. Levou em conta o conflito no seu sentido histórico e cósmico e, meditando sobre suas vastas implicações, caiu num estado de êxtase, sob a influência do Espírito Santo, recebendo de Deus uma visão que lhe permitiu escrever o "Livro das Revelações". Que resultaria de tudo isso ? O Cristianismo iria acabar ? Deus perdera o poder ? Por que Deus não intervinha ? Quem venceria as forças do inferno, encarnadas em Domiciano ? Até quando o império romano se manteria oprimindo os cristãos ? Este povo perseguido precisava de alguém ou algo que os encorajasse e que lhes desse uma visão de futuro que lhes garantisse a vitória, apesar de perseguidos, dispersos e mortos. Não somente eles, mas todos os povos que viriam depois, de alguma forma, necessitariam dessas palavras de encorajamento, dessas bem-aventuranças e dessa visão de futuro da vitória de Cristo sobre o mal. É esta a grande mensagem que João nos entrega através do seu Apocalipse. "Bem-aventurado o que guarda a profecia deste livro" (Ap. 22:7), "Bem-aventurado é o que lê e os que ouvem"(Ap. 1:3), "Bem-aventurado os mortos que morrem no Senhor" (Ap14:13), "Bem-aventurado o que vigia e guarda os seus vestidos" (Ap. 16:15).

Os Destinatários da Revelação

O texto de Apocalipse 1:11 indica que o livro foi dirigido às "sete igrejas que estão na Ásia". Isto não nos permite concluir, contudo, que os receptores desta mensagem estivessem limitados a essas igrejas. O uso do número "sete", que simboliza "inteireza" ou "perfeição", indica que o livro era para todas as igrejas da Ásia Menor. Na realidade, vamos verificar que a mensagem dirigida a essas igrejas teve um caráter universal para todos os demais cristãos, estendendo-se até os dias de hoje, indo também até o futuro. É uma mensagem de vitória e de triunfo do Cordeiro-que-tira-o-pecado-do-mundo. É uma mensagem de vitória e encorajamento, até que os reinos deste mundo se tornem parte do Reino de nosso Deus e do seu Cristo Salvador.

Como citado anteriormente, as condições dos cristãos que primeiro receberam o Apocalipse eram bastante críticas. Por várias décadas o Cristianismo passara meio despercebido do império romano. O Judaísmo era considerado uma religião legal e Roma via o Cristianismo como uma parte do Judaísmo. Pouco à pouco porém, Roma notou que Cristianismo e Judaísmo eram coisas completamente distintas. Além disso, haviam diversos motivos para uma forte animosidade contra os cristãos, dos quais destacamos alguns:

O Cristianismo era considerado uma religião ilegal porque, ao contrário das demais religiões consideradas legais, buscava conquistar seguidores e prosélitos, fato este que não era tolerado por Roma.

Aquele novo movimento aspirava tornar-se universal e o Reino de Deus era o seu ideal principal. Para os romanos, porém, o Estado era o principal o que os levava a verem o Cristianismo como um possível rival.

O Cristianismo era uma religião exclusivista, pois os crentes da época se recusavam de participar da vida social e dos costumes pagãos. Não freqüentar os cultos pagãos e não ter deuses romanos em casa fez com que o povo em geral visse os cristãos como inimigos de seus deuses. Este clima de animosidade levava o povo em geral a acreditar em tudo que se falava de mal dos cristãos.

Os cristãos eram acusados de todo o tipo de iniquidades. O povo achava que tinham cultos e orgias secretas à noite, que bebiam sangue e comiam carne humana.

Os cristãos negavam-se a ir à guerra uma vez que todo soldado romano tinha que assumir compromisso com cultos aos ídolos do Estado, o que incluía uso de insígnias idolátricas. Além disso, entendiam que Cristo os havia ensinado a largar definitivamente a espada e usar meios pacíficos. Isso também contribuía para que o povo em geral os odiasse e os achasse traidores do império.

Aqueles que usavam a religião como forma de ganharem dinheiro, tais como os fabricantes de imagens, sacerdotes pagãos e comerciantes de animais, destinados aos sacrifícios, acabaram por criar conflitos com o Cristianismo.

Os cristãos se negavam a cultuar o Imperador. Tinham que afirmar que o deus-Cesar era superior ao Deus Cristo, o que se negavam a fazer.

O veredicto do governo de Roma era que aquele grupo traidor e rebelde deveria ser exterminado. Para os cristãos, porém, uma outra ameaça se posicionava contra eles: as muitas heresias que começavam a surgir, trazendo confusão, controvérsias, destruindo o companheirismo entre os crentes e ameaçando o próprio Cristianismo como um todo. Esse era o clima a que estavam submetidos aqueles crentes do I século.

A Visão Inicial do Cordeiro

No trecho ora estudado, João vislumbra Cristo redivivo, santo, majestoso, onisciente, cheio de autoridade, e poderoso. Ele está de pé no meio das igrejas, tem a sorte delas em suas mãos e diz: "Não temais ! Eu morri, mas vivo para sempre. E, mais do que isso, tenho em minhas mãos as chaves da morte e do túmulo. Não deveis temer de ir para o lugar do qual eu tenho a chave. Podereis ser perseguidos até a morte, mas eu sou ainda o vosso Rei".

Queira Deus que possamos ter sempre essa visão de vitória gravada em nossas mentes para que jamais venhamos a desanimar quando estivermos diante de quaisquer provações em nossa vida, seja na saúde, em nossos relacionamentos, nos desafios da nossa subsistência, ou quando estivermos sendo perseguidos.

 

Apocalipse - Cartas às Igrejas - Estudo 3

Lincoln A. A. Oliveira

Apocalipse - Cartas às Igrejas - Estudo 3

 

 PARTE 1

Apocalipse 2
Introdução

As cartas às sete xigrejas (capítulos 2 e 3) é a parte mais bem conhecida do Apocalipse, basicamente por ser o trecho do livro de mais fácil compreensão. As igrejas em questão eram igrejas reais e tudo indica que o autor não pretendia ser apenas genérico colocando, nessas cartas, profecias concernentes a vários períodos da historia eclesiástica. O autor considerava a onda crescente de perseguição que assolava ou assolaria aquelas igrejas. Ele conhecia as necessidades das pessoas que efetivamente as freqüentavam.

Como vimos em estudo anterior, o número sete sugere a idéia de compleição ou perfeição. Ele é a soma de três, que simboliza o divino (pai, mãe e filho) com o quatro, que traz a idéia de mundo no sentido físico (os pontos cardeais, são quatro: Norte, Sul, Leste e Oeste). Portanto a mensagem às sete igrejas da Ásia Menor, a saber, Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardo, Filadélfia e Laodicéia, igrejas históricas, reais e conhecidas, transcendem a essas igrejas. Ela se destina às demais igrejas da Ásia Menor e de outras regiões. Ela se destina também às demais igrejas que vieram depois daquelas, incluindo as nossas igrejas atuais. Como a natureza humana é a mesma ao longo do tempo, com seus anseios, fraquezas e pecados, e a História evolui em ciclos, o conteúdo dessas cartas se mostra atual também para as igrejas e para os crentes de hoje.

Características Gerais das Cartas

Todas as sete cartas vão apresentar elementos comuns: Cada carta é endereçada ao "anjo" da igreja (seu pastor);

Há a identificação do remetente (Cristo). Este remetente revela possuir profundo conhecimento de cada igreja, louva a igreja naquilo que ela tem de bom e demonstra seu desagrado pelo que ela tem de negativo;

Há uma parte final de aconselhamento e a promessa para os que permanecerem firmes e fiéis.

A Carta à Igreja de Éfeso – Fiel mas em Falta (Ap. 2:1-7)

Ao tempo da carta, Éfeso era uma grande e rica cidade, com várias camadas sociais, ricos, pobres, letrados e analfabetos. Era uma cidade culta, abastada e corrompida. O ponto positivo da igreja, elogiado na carta, era a fidelidade no trabalho cristão e na doutrina. Com seu olhar perspicaz, o autor da Carta, porém, observa um ponto fraco na igreja de Éfeso: "Tenho, porém contra ti que deixaste o teu primeiro amor". Parece que a igreja, apesar de atuante e firme na doutrina, estava deixando de lado o verdadeiro motivo ou espírito do serviço Cristão: o amor. É possível que estivessem mais presos a um ativismo e a um formalismo doutrinário do que a uma verdadeira resposta, em amor, à ação e ao comando do Espírito de Deus.

A recomendação que Cristo faz à igreja de Éfeso pode ser resumida em três verbos: lembrar, arrepender-se e voltar. Lembrar-se da alegria e entusiasmo de antes, e da força de ações calcadas em amor fraternal autêntico. Arrepender-se de um serviço feito sem amor, por mera tradição e voltar ao primeiro amor. Cristo afirma que se eles não voltassem ao seu primeiro amor, estariam perdendo o direito de existir como igreja. Cristo promete à igreja de Éfeso que aquele "... que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida..." Neste contexto, Deus está afirmando que aquele que lhe for fiel, Ele lhe concederá alimento e sustento. Ele nos atende em todas as nossas necessidades, mas espera que façamos a nossa parte, sendo fiéis e vitoriosos, não aquém nem além de nossas forças, mas conforme as forças que tivermos.

Carta à Igreja de Esmirna – Os Santos Sofredores (Ap 2:8-11)

A História nos fala de perseguições em Esmirna. Seu possível pastor, Policarpo, foi martirizado e os cristãos daquele lugar haviam perdido todos os seus bens materiais, confiscados por Roma. Cristo tece palavras de louvor e conforto aqueles crentes. Ele conhecia a tribulação deles e sua pobreza. A despeito disso, Cristo afirma que, mesmo perdendo bens, eles eram "ricos" de caráter. Ele conhecia a "blasfêmia" dos judeus, referência aqueles que haviam escapado dos confiscos por cederem à adoração da imagem do imperador. É interessante notar que o Senhor não promete tirá-los das dificuldades e apertos. Naquelas circunstâncias, tais provações seriam a forma de enrijecer-lhes o caráter. É uma forma diferente da vitória apregoada pelos valores do reino deste mundo. Ou seja, às vezes uma derrota material corresponde a uma vitória espiritual.

Carta à Igreja de Pérgamo – No Quartel General do Inferno (Ap 2:12-17)

Cristo elogia Pérgamo quanto à sua fidelidade em meio às provações. Aquela cidade abrigava o centro de culto ao imperador e muitos dos crentes de Pérgamo foram martirizados em praça pública. Dentro da igreja, entretanto haviam membros que esposavam doutrinas heréticas que incluíam adoração de imagens e o cumprimento de deveres ditos espirituais em troca de benefícios materiais. Alguns desses cristãos aconselhavam que valia à pena aderir ao culto ao imperador para poder escapar às perseguições. Cristo, por outro lado, aconselha à igreja para que se arrependa desta sua atitude sob pena do Senhor entrar pessoalmente em guerra contra ela, combatendo-a com a "espada de sua boca". Ao que for fiel, o Senhor Jesus apresenta uma promessa dupla: "dar-lhe-ei a comer do maná escondido", (Cristo o sustentará espiritualmente) e "Eu lhe darei uma pedra branca, e na pedra, um novo nome escrito". A cultura de Pérgamo fazia vários usos da pedra branca. Ela poderia ser entregue aquele que era absolvido em um processo judicial; era também concedida ao escravo liberto (a pedra era a prova de sua nova cidadania como livre); era conferida, como medalha, ao vencedor de corridas ou de lutas; era concedida ao guerreiro, quando voltava vencedor. Por isso, parece clara a analogia da pedra branca do tempo de Pérgamo com o prêmio espiritual que Cristo oferece. "Eu lhe darei uma pedra branca, e na pedra, um novo nome escrito", diz ele.

A Carta à Igreja de Tiatira – À Espera da Estrela (Ap 2: 18-29)

Cristo elogia os crentes de Tiatira pelo amor deles (o que não estava ocorrendo em Éfeso). Louva-os também pelo progresso em suas obras. Na aparência, portanto, trata-se de uma igreja sem problemas. Tiatira, porém, estava ligada a Pérgamo por uma boa estrada. A mesma heresia que assolava Pérgamo, estava presente em Tiatira. Parece que havia uma mulher na igreja que liderava o afastamento dos crentes das convicções do Evangelho e os liderava para as heresias. Ela é designada como Jezabel. Esse nome talvez seja simbólico por causa do seu mal caráter (referência à personagem encontrada no livro de Oséias). Aos vitoriosos, o Senhor promete não sobrecarregá-los mais do que as obrigações que eles já têm. Ele promete ao vencedor, a "Estrela da Manhã", sua direção e liderança na hora escura das tribulações, perplexidades e provações.

 

Apocalipse - Cartas às Igrejas - Estudo 4

Lincoln A. A. Oliveira

Apocalipse - Cartas às Igrejas - Estudo 4

 

 PARTE 2

 

Apocalipse 3
Introdução:

 Nesta segunda parte do estudo sobre as cartas do Apocalipse, destinadas às igrejas da Ásia Menor, estaremos considerando as cartas às igrejas de Sardo, Filadélfia e Laodicéia. Como visto anteriormente, as sete igrejas em questão (as quatro do estudo anterior mais as três aqui citadas), são representativas das demais igrejas daquela província da Ásia e, possivelmente, de todo o império romano. Procurando aplicar as grandes verdades espirituais do Apocalipse aos nossos dias, não será demais considerar que essas sete igrejas são também representativas das igrejas de hoje.

A Carta à Igreja de Sardo – Morta ou Viva ? (3:1-6)

A Crítica: O remetente desta carta, Cristo, se identifica como "o que tem os sete Espíritos de Deus, e as sete estrelas". Ele tem o poder e a sabedoria e, em suas mãos, está o destino da igreja. Nas cartas anteriores, sempre havia primeiro um elogio e só depois o remetente fazia a sua crítica ao ponto negativo da igreja. Aqui, porém, ele inverte a ordem. Há mais pontos negativos que positivos. Em essência, a crítica dizia respeito ao fato de que a igreja de Sardo demonstrava externamente, grande atividade mas, internamente, não tinha nenhuma espiritualidade. Por fora, parecia viva, mas por dentro, estava morta.

O Aviso à Igreja: Aconselha-se à igreja a ser vigilante e a "confirmar as coisas que restam, que estavam para morrer". Naquela igreja haviam algumas coisas que ainda viviam e que poderiam reverter o estado moribundo da igreja, caso fossem ouvidas as palavras de Jesus, o remetente da carta. O aviso à vigilância tinha especial significado para os habitantes de Sardo, uma vez que a cidade estava edificada em uma elevação, era fortificada e três de seus lados desembocavam em aclives como precipícios. Convém observar que, no Novo Testamento, o termo "vigiar" se refere mais a manter-se ocupado plenamente no serviço do que simplesmente manter os olhos abertos.

O Ponto Positivo e as Promessas: Na igreja de Sardo haviam poucos que mereciam algum elogio. Esses "não contaminaram seus vestidos", participando dos cultos pagãos, do mundanismo reinante e corrupção da cidade. Tinham permanecido fiéis ao Senhor. Para este grupo fiel é prometido que ele andará com o Senhor, "vestido de vestes brancas" (sem manchas). Esta figura tem especial significado para Sardo, uma vez que a cidade se orgulhava de seu comércio de tecidos coloridos, usados especialmente pela gente mundana.

A Carta à Igreja de Filadélfia - Aquela com uma Porta Aberta (3:7-13)

O Ponto Positivo: É interessante notar que existem muitas referências positivas à essa igreja. Ela não recebe críticas do Senhor que, ao contrário, coloca diante dela "uma porta aberta que ninguém pode fechar". Cristo sabe que a igreja por si só é fraca, "tens pouca força", diz Ele. A igreja, porém, estava sendo fiel guardando o nome de Jesus e a porta aberta daria a ela a oportunidade de ser uma igreja estratégica. Com isso, ela poderia progredir, apesar de sua pouca força. Filadélfia era conhecida como "a cidade missionária", pelo fato de ter sido fundada para fomentar a civilização greco-asiática e o idioma e os costumes gregos na regiões orientais da Lídia e da Frigia. A "porta aberta", portanto, era uma referência à possibilidade da igreja de Filadélfia compartilhar da vocação cultural da cidade e desenvolver uma estratégia missionária própria, de proclamação do Evangelho de Jesus. Aliás, é interessante notar uma certa correlação entre igrejas vitoriosas com aquelas que têm "missões" e evangelismo como uma de suas motivações principais.

A Promessa: Por terem agido com fidelidade, Cristo promete aos crentes de Filadélfia, sua graça sustentadora nas tribulações que se abateriam sobre todo o mundo. Tal tribulação não os venceria (v10). Aquela igreja é encorajada com a próxima vinda do Senhor. Várias outras promessas são ainda declaradas (v12) aquele que for fiel: "Ao vencedor, farei dele coluna no templo do meu Deus", numa alusão a sobrevivência da igreja fiel. A cidade de Filadélfia ficava em uma região sujeita a terremotos e por isso, os crentes dessa cidade entenderiam muito bem o significado ou valor de uma coluna. Cristo estava dizendo que, apesar dos terremotos das perseguições, os fiéis seriam como colunas inabaláveis de um templo indestrutível. Note-se aqui que, no Apocalipse, não há promessa de que os crentes escapariam ao sofrimento e à morte. Há promessa, entretanto, de que mal algum sobreviria às suas almas. Cristo promete ainda à igreja de Filadélfia, que viria "sem demora", embora não fique claro se esta expressão se refere à segunda vinda de Cristo. Convém observar que ela não estabelece um prazo necessariamente, uma vez que pode significar também "repentinamente" ou "inesperadamente". Por outro lado, que sentido haveria em abrir uma porta missionária para Filadélfia, se Jesus estivesse voltando logo a seguir ?

A Carta à Igreja de Laodicéia – A Igreja com uma Porta Fechada (3:14-22)

A cidade de Laodicéia era uma cidade próspera. Por ela passavam três estradas romanas. Ela era o principal centro de comércio e finanças da região sendo reconhecida também como centro terapêutico para os olhos, por conta de um ungüento lá fabricado. Seu progresso tendia a levar seus moradores a serem arrogantes, orgulhosos e independentes, o que de certa forma, refletia na igreja lá existente.

A Queixa: Das sete igrejas, Laodicéia é a única sobre a qual nada se diz de positivo. Cristo a acusa de indiferença "Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca ..." (v16). Ele se utiliza das características da cidade para admoestar os crentes. Ele os chama de pobres, apesar de abastados, de cegos, apesar do ungüento ou colírio para os olhos e nus, apesar das boas roupas que usavam. Cristo, usando a linguagem simbólica e contextualizada do comércio de Laodicéia, aconselha no verso 18, que a igreja compre dele "ouro refinado", "vestiduras brancas" e "colírio para ungires os teus olhos, a fim de que vejas".

O Aviso e a Promessa: No verso 19 Cristo avisa que a igreja será repreendida e disciplinada porque Ele a ama. Aquela igreja tinha tudo menos Cristo. Ele permanecia do lado de fora batendo à porta. Se alguém a abrisse, Ele entraria e poderia começar a mudar a igreja, mesmo com uns poucos que lhe fossem fiéis. Ao que vencer o espírito de indiferença e letargia e "abrir a porta", Cristo promete entrar por ela e cear com aquele que a abre, estabelecendo um profundo relacionamento com Ele. O Senhor Jesus promete também que o crente fiel sentará no seu trono, junto com Ele. O brado de alerta contra a indiferença e a apatia espiritual ainda está vivo nas linhas do Apocalipse, dirigido não só a Laodicéia, mas a todas as igrejas na face da terra. Está também dirigido a você e a mim.

É nosso desejo sincero que, ao lermos a mensagem do Apocalipse, destinada primariamente àquelas sete igrejas da Ásia Menor, possamos ver-nos em algumas delas, recebendo com sabedoria as palavras de Cristo a nós endereçadas, seja de crítica, de aviso ou de promessa. "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas." (Ap 3:22).

 

Apocalipse - Cartas às Igrejas - Estudo 4

Lincoln A. A. Oliveira

Apocalipse - Cartas às Igrejas - Estudo 4

 

 PARTE 2

 

Apocalipse 3
Introdução:

 Nesta segunda parte do estudo sobre as cartas do Apocalipse, destinadas às igrejas da Ásia Menor, estaremos considerando as cartas às igrejas de Sardo, Filadélfia e Laodicéia. Como visto anteriormente, as sete igrejas em questão (as quatro do estudo anterior mais as três aqui citadas), são representativas das demais igrejas daquela província da Ásia e, possivelmente, de todo o império romano. Procurando aplicar as grandes verdades espirituais do Apocalipse aos nossos dias, não será demais considerar que essas sete igrejas são também representativas das igrejas de hoje.

A Carta à Igreja de Sardo – Morta ou Viva ? (3:1-6)

A Crítica: O remetente desta carta, Cristo, se identifica como "o que tem os sete Espíritos de Deus, e as sete estrelas". Ele tem o poder e a sabedoria e, em suas mãos, está o destino da igreja. Nas cartas anteriores, sempre havia primeiro um elogio e só depois o remetente fazia a sua crítica ao ponto negativo da igreja. Aqui, porém, ele inverte a ordem. Há mais pontos negativos que positivos. Em essência, a crítica dizia respeito ao fato de que a igreja de Sardo demonstrava externamente, grande atividade mas, internamente, não tinha nenhuma espiritualidade. Por fora, parecia viva, mas por dentro, estava morta.

O Aviso à Igreja: Aconselha-se à igreja a ser vigilante e a "confirmar as coisas que restam, que estavam para morrer". Naquela igreja haviam algumas coisas que ainda viviam e que poderiam reverter o estado moribundo da igreja, caso fossem ouvidas as palavras de Jesus, o remetente da carta. O aviso à vigilância tinha especial significado para os habitantes de Sardo, uma vez que a cidade estava edificada em uma elevação, era fortificada e três de seus lados desembocavam em aclives como precipícios. Convém observar que, no Novo Testamento, o termo "vigiar" se refere mais a manter-se ocupado plenamente no serviço do que simplesmente manter os olhos abertos.

O Ponto Positivo e as Promessas: Na igreja de Sardo haviam poucos que mereciam algum elogio. Esses "não contaminaram seus vestidos", participando dos cultos pagãos, do mundanismo reinante e corrupção da cidade. Tinham permanecido fiéis ao Senhor. Para este grupo fiel é prometido que ele andará com o Senhor, "vestido de vestes brancas" (sem manchas). Esta figura tem especial significado para Sardo, uma vez que a cidade se orgulhava de seu comércio de tecidos coloridos, usados especialmente pela gente mundana.

A Carta à Igreja de Filadélfia - Aquela com uma Porta Aberta (3:7-13)

O Ponto Positivo: É interessante notar que existem muitas referências positivas à essa igreja. Ela não recebe críticas do Senhor que, ao contrário, coloca diante dela "uma porta aberta que ninguém pode fechar". Cristo sabe que a igreja por si só é fraca, "tens pouca força", diz Ele. A igreja, porém, estava sendo fiel guardando o nome de Jesus e a porta aberta daria a ela a oportunidade de ser uma igreja estratégica. Com isso, ela poderia progredir, apesar de sua pouca força. Filadélfia era conhecida como "a cidade missionária", pelo fato de ter sido fundada para fomentar a civilização greco-asiática e o idioma e os costumes gregos na regiões orientais da Lídia e da Frigia. A "porta aberta", portanto, era uma referência à possibilidade da igreja de Filadélfia compartilhar da vocação cultural da cidade e desenvolver uma estratégia missionária própria, de proclamação do Evangelho de Jesus. Aliás, é interessante notar uma certa correlação entre igrejas vitoriosas com aquelas que têm "missões" e evangelismo como uma de suas motivações principais.

A Promessa: Por terem agido com fidelidade, Cristo promete aos crentes de Filadélfia, sua graça sustentadora nas tribulações que se abateriam sobre todo o mundo. Tal tribulação não os venceria (v10). Aquela igreja é encorajada com a próxima vinda do Senhor. Várias outras promessas são ainda declaradas (v12) aquele que for fiel: "Ao vencedor, farei dele coluna no templo do meu Deus", numa alusão a sobrevivência da igreja fiel. A cidade de Filadélfia ficava em uma região sujeita a terremotos e por isso, os crentes dessa cidade entenderiam muito bem o significado ou valor de uma coluna. Cristo estava dizendo que, apesar dos terremotos das perseguições, os fiéis seriam como colunas inabaláveis de um templo indestrutível. Note-se aqui que, no Apocalipse, não há promessa de que os crentes escapariam ao sofrimento e à morte. Há promessa, entretanto, de que mal algum sobreviria às suas almas. Cristo promete ainda à igreja de Filadélfia, que viria "sem demora", embora não fique claro se esta expressão se refere à segunda vinda de Cristo. Convém observar que ela não estabelece um prazo necessariamente, uma vez que pode significar também "repentinamente" ou "inesperadamente". Por outro lado, que sentido haveria em abrir uma porta missionária para Filadélfia, se Jesus estivesse voltando logo a seguir ?

A Carta à Igreja de Laodicéia – A Igreja com uma Porta Fechada (3:14-22)

A cidade de Laodicéia era uma cidade próspera. Por ela passavam três estradas romanas. Ela era o principal centro de comércio e finanças da região sendo reconhecida também como centro terapêutico para os olhos, por conta de um ungüento lá fabricado. Seu progresso tendia a levar seus moradores a serem arrogantes, orgulhosos e independentes, o que de certa forma, refletia na igreja lá existente.

A Queixa: Das sete igrejas, Laodicéia é a única sobre a qual nada se diz de positivo. Cristo a acusa de indiferença "Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca ..." (v16). Ele se utiliza das características da cidade para admoestar os crentes. Ele os chama de pobres, apesar de abastados, de cegos, apesar do ungüento ou colírio para os olhos e nus, apesar das boas roupas que usavam. Cristo, usando a linguagem simbólica e contextualizada do comércio de Laodicéia, aconselha no verso 18, que a igreja compre dele "ouro refinado", "vestiduras brancas" e "colírio para ungires os teus olhos, a fim de que vejas".

O Aviso e a Promessa: No verso 19 Cristo avisa que a igreja será repreendida e disciplinada porque Ele a ama. Aquela igreja tinha tudo menos Cristo. Ele permanecia do lado de fora batendo à porta. Se alguém a abrisse, Ele entraria e poderia começar a mudar a igreja, mesmo com uns poucos que lhe fossem fiéis. Ao que vencer o espírito de indiferença e letargia e "abrir a porta", Cristo promete entrar por ela e cear com aquele que a abre, estabelecendo um profundo relacionamento com Ele. O Senhor Jesus promete também que o crente fiel sentará no seu trono, junto com Ele. O brado de alerta contra a indiferença e a apatia espiritual ainda está vivo nas linhas do Apocalipse, dirigido não só a Laodicéia, mas a todas as igrejas na face da terra. Está também dirigido a você e a mim.

É nosso desejo sincero que, ao lermos a mensagem do Apocalipse, destinada primariamente àquelas sete igrejas da Ásia Menor, possamos ver-nos em algumas delas, recebendo com sabedoria as palavras de Cristo a nós endereçadas, seja de crítica, de aviso ou de promessa. "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas." (Ap 3:22).

 

Apocalipse - O Início da Visão - Estudo 5

Lincoln A. A. Oliveira

Apocalipse - O Início da Visão - Estudo 5

 

 Apocalipse 4

Introdução

O capítulo 1 do Apocalipse descreve o Cristo Vitorioso no drama que o Apóstolo João estaria desvendando em sua visão. Os capítulos 2 e 3, relatam o auditório a quem se destina este drama. Este público-alvo primariamente são as sete igrejas da Ásia Menor, mas, em um sentido mais amplo, significa todas as igrejas e crentes em todos os tempos. Até aqui, o material apresentado foi uma preparação para o que se inicia neste capítulo 4, objeto deste nosso estudo. A partir de agora, surgirão cenas cujo objetivo é dar aos cristãos perseguidos, especialmente aqueles da época do imperador Domiciano, a certeza de que a causa de Cristo será completa e indubitavelmente vitoriosa. Este capítulo e o estudo seguinte servem como uma introdução ao que se desenvolverá a seguir.

Antes porém de prosseguirmos na tentativa de entender a cena descrita neste capítulo, é importante enfatizar três dos princípios necessários para melhor compreender o simbolismo utilizado.

A linguagem usada é classificada como "apocalíptica", isto é, ela não apela à razão, mas à imaginação.

A mensagem dos símbolos deve ser vista de uma forma geral e não nos seus detalhes. Estes, em sua maioria, não trazem nenhuma mensagem específica, mas apenas compõem o cenário, contribuindo para a cor, luz, som e movimento da cena.

A utilização de números quase nunca têm significado numérico ou aritmético. A numerologia judaica, presente em diversos outros escritos, revela que o número um simbolizava a própria unidade (um objeto). Já o número dois, estava relacionado ao conceito de fortaleza, confirmação ou coragem (duas testemunhas). O três, vinculava-se ao divino (pai, mãe, filho) enquanto que o quatro, simbolizava o mundo físico (quatro pontos cardeais). O número cinco são os dedos da mão, sendo por isso, associado à perfeição humana (quando não há mutilação na guerra, os dedos da mão são cinco). O dobro de cinco, que é dez, constituem os mandamentos de Deus. O sete, resultado da soma do quatro (mundo físico) e três (divino) simboliza a perfeição e o seis, que falhou em sua tentativa de alcançar o sete da perfeição, está associado à falha ou à queda. Há também outros números que são combinações, como é o caso do 666 (o número da besta) ou o quarenta, que quer dizer provação humana (quarenta anos do povo de Israel no deserto, quarenta anos de exílio de Moisés), ou o setenta, que quer dizer super sagrado ou ainda 3 x 4 = 12, que significa a religião organizada (doze tribos de Israel, doze discípulos).

O Trono de Deus, os 24 Anciãos e os 4 Seres Viventes

João, o autor do Apocalipse, em espírito, entra pela porta do céu para receber a grande primeira visão. A mensagem da visão, que se segue na narrativa bíblica, tenta mostrar um retrato de Deus, de Sua soberania sobre o Universo e de alguns de seus atributos:

Deus é espírito: O Apóstolo João, na realidade, não tenta (ou não consegue) retratar o Soberano de todo o Universo. No texto diz somente que Ele é semelhante a alguma coisa. Ele o compara a pedras como o jaspe, um cristal e a sardônica, uma pedra avermelhada de brilho faiscante. Ao comparar a natureza de Deus a essas pedras, o autor sugere que a expressão do caráter de Deus é gloriosa.

Deus é soberano: "Ao redor do trono há também 24 tronos e assentados sobre esses tronos estão 24 anciãos... em cujas cabeças estão coroas de ouro". É possível que essas pessoas representem os doze patriarcas da velha dispensação e os doze apóstolos da nova. De tempos em tempos os vinte e quatro anciãos prostram-se diante daquele que se encontra assentado no trono e depositam suas coroas diante do trono. Esses anciãos são reis pois usam coroas mas demonstram com sua atitude que Deus é Soberano, o grande Rei sobre todas as coisas. Esta é uma forma de mostrar a falácia da pretensão blasfema do imperador Domiciano, de se proclamar divino. Aqueles crentes perseguidos se sentiriam grandemente encorajados com essa perspectiva de quem é realmente soberano.

Deus é Poder: "Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões". Esta referência revela o poder de Deus a partir das manifestações da Natureza criada por Ele.

Deus é imanente na sua Criação: Aqui há menção aos "sete espíritos" de Deus, numa referência ao perfeito Espírito Santo de Deus, que continuamente visita os crentes para os ensinar, consolar e capacitar.

Deus é Santo: O texto se refere a um mar de vidro diante do trono de Deus, sugerindo o quanto Deus é transcendente e majestoso. Por causa da majestade divina o homem não pode se aproximar de Deus porque Ele é Santo (há uma separação entre Deus e o homem, que é o mar).

Deus é a Fonte de Vida: A visão neste ponto fala de quatro seres viventes no meio e à volta do trono. Cada um deles é semelhante, respectivamente, a um leão, a um novilho, a um homem e a uma águia voando. Cada um desses seres têm seis asas. Aparentemente os seres viventes descritos representam todos os seres viventes da Natureza: os animais selvagens, os animais domésticos, os seres humanos e os pássaros. Estes estão sempre no trono de Deus onde reside toda a fonte de vida.

Conclusão

O capítulo 4 de Apocalipse, que ora concluímos, dá início às descrições das visões que se ampliarão nas partes subseqüentes do livro. Em essência este capítulo apresenta a soberania de Deus, que é o Eterno e o Criador que protege o Seu povo. Este é o encorajamento que inicialmente é apresentado aos perseguidos e massacrados cristãos da Ásia Menor mas que se aplica a todos os crentes em todos os séculos. O sofrimento, perseguições e provações são coisas temporárias, dado que Deus, o nosso Defensor, é o Soberano da História.

 

Apocalipse - A Visão do Livro e dos Selos - Estudo 6

Lincoln A. A. Oliveira

Apocalipse - A Visão do Livro e dos Selos - Estudo 6

 

  Apocalipse 5, 6 e 7
1. Introdução:

No Capítulo 4 vimos Deus como Criador. Nesta nova seqüência, Deus é apresentado como Redentor. Na visão que se segue, João vê um livro (um rolo) segurado pela destra daquele que está sentado no trono. Este livro está escrito por dentro e por fora e selado com sete selos. Uma das possíveis interpretações para o significado do livro sugere que ele trata do destino dos homens. Este destino está nas mãos de Deus e está selado dentro do livro. Ali estão registrados os feitos de Deus que virão a ser revelados. Ali estão os confrontos com as forças do mal, que se mobilizam para destruir os Cristãos, e o futuro deles. Os selos precisam ser rompidos e o livro aberto para que sua mensagem possa se fazer conhecida.

2. Digno é o Cordeiro (Cap 5)

Quem é digno de abrir o livro e revelar o propósito de Deus para os homens ? É revelado a João que o "Leão da Tribo de Judá" abriria o livro. Ele é o Leão que, na cena, rapidamente se torna Cordeiro. O Leão, que representa absoluto poder e bravura, se transforma em Cordeiro, símbolo de absoluta bondade. Ela havia sido morto mas estava vivo. O Cordeiro é Jesus de Nazareth, o Ungido, o Messias de Deus. O Cordeiro tem sete chifres: pontas ou chifres representam poder; o número sete, representa a perfeição. Ele tem também sete olhos, representando os sete Espíritos de Deus, o Espírito Santo perfeito, que vigia em favor do seu povo. Na cena que se segue, o Cordeiro toma nas mãos o livro. Somente Ele poderá abrir o livro e executar os juízos de Deus sobre os iníquos. Somente Ele salva o povo de Deus. Há grande alegria e cântico por aqueles que presenciam a cena: as quatro criaturas viventes, representando toda a criação e os vinte e quatro anciãos, que simbolizam os Patriarcas e Discípulos de Jesus, bem como anjos. A primeira parte do relato se fecha com essa eletrizante cena de certeza de que tanto o presente quanto o futuro estão nas mãos do Cordeiro triunfante e corajoso. Esta é uma mensagem de esperança não só para aqueles cristãos perseguidos pelo Imperador Domiciano mas também para todos os demais crentes em todos os tempos. Qualquer que for a ameaça, a luta ou a provação, Deus não abandonará seu trono. Ele é o Senhor da História.

3. O Cordeiro Abre os Primeiros Quatro Selos (Ap 6:1-8)

Nos atos que se seguem, Cristo, o Cordeiro-de-Deus-que-tira-o-pecado-do-mundo, abre os selos. Os quatro cavaleiros que aparecem por ocasião da abertura dos quatro selos representam Conquista, Guerra, Fome e Morte. Estas têm sido as maldições da humanidade desde seus primórdios e que continuam a se repetir. Alguém com a ambição de conquistar o mundo se utiliza da guerra, que traz fome, que traz morte. Aqueles crentes do primeiro século estavam vivenciando este drama e muitos outros séculos depois, outros crentes teriam experiências semelhantes.

" Conquista: O primeiro cavaleiro cavalga um cavalo branco, empunha um arco e se chama "Conquista". Ele representa todo indivíduo que se empenha em conquistar o mundo pela força. Poderia representar Domiciano, Hitler ou outro conquistador ainda por surgir.

" Guerra: O segundo cavaleiro, que se chama "Guerra", utiliza um cavalo vermelho. Foi lhe dado "tirar a paz da terra, para que os homens se matassem uns aos outros; também lhe foi dado uma grande espada". Inevitavelmente, a guerra é o resultado da ação de conquista.

" Fome: O terceiro cavaleiro é a "Fome". Ele cavalga um animal preto e na mão, segura uma balança. Uma voz fala em trigo, cevada, azeite e vinho. O simbolismo da balança sugere a escassez de alimento, que tem que ser racionado. Ainda hoje vemos exemplos da maneira pela qual a guerra traz a fome, como é o caso de eventos recentes no Cáucaso, em Ruanda e em outros países da África.

" Morte: O nome do quarto cavaleiro, é "Morte". Ele cavalga um animal amarelo. Segue-o o Hades. O sentido é "morte que segue a morte". Assim, esse quarto cavaleiro completa a obra dos seus três precedentes.

4. O Quinto Selo: Os Mártires (Ap 6:9-11)

Quando o Cordeiro abre o quinto selo, o simbolismo se modifica. Nos atos anteriores, vimos os meios pelos quais Deus pode exercer seu julgamento e algumas de suas ações. Aqui, vemos a razão desse julgamento. Debaixo do altar, João vê "as almas dos que foram mortos por causa da palavra de Deus, e por causa do testemunho que deram". É claro que João se refere primariamente aos mártires do período de Domiciano, sem, entretanto, descartar outros mártires que viriam ou virão. A cada mártir é dado um vestido branco, símbolo de vitória e pureza, e se lhes diz que tenham paciência. O tempo ainda não está maduro para a retribuição de Deus. No fim, entretanto, o juízo e a vitória de Deus chegarão.

5. O Sexto Selo: O Terremoto, o Fim dos Séculos (Ap 6:12-17)

Quando o sexto selo é aberto, João vê uma série de cataclismos. Há alguma controvérsia sobre o significado dos fenômenos descritos neste trecho, se eles se referem a catástrofes localizadas ou se trata de uma antevisão simbólica do juízo final e do fim dos tempos. Seja qual for a interpretação, esta parte do drama simboliza o poder de Deus contra aqueles que rejeitam a Ele e ao seu plano de salvação. A partir disso, poder-se-ia perguntar o que acontece com os crentes durante essas catástrofes destruidoras ? Eles escaparão ou serão vitimados por elas ?

6. Os Remidos são Protegidos e Salvos (Ap 7:1-17)

Nesta parte da visão João vê quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra. Eles estão retendo os quatro ventos que simbolizam a destruição divina. Um quinto anjo surge para colocar o selo de Deus na fronte do seu povo. O número dos selados é de 144.000 "...assinalados de todas as tribos dos filhos de Israel", sendo 12.000 de cada uma das 12 tribos. A interpretação adotada neste estudo é que esses 144.000 representam não só os cristãos judeus mas todo o corpo de crentes. O número 12, que significa religião organizada é multiplicado por ele mesmo e depois por 1.000, significando completação. Isso quer dizer que nenhum crente será perdido ou esquecido no processo divino de redenção.

Depois da visão onde os santos na terra são marcados com o selo da proteção divina, João vislumbra uma visão de maior alegria e encorajamento. Há uma grande multidão que "homem algum podia contar". Era "gente de todas as nações, tribos, povos e línguas". Trajavam vestidos brancos e estavam diante do Cordeiro. Este grupo não está marcado com o selo de proteção porque já não precisam mais dele. Estavam já fora do mundo e na presença de Deus. Tinham saído vitoriosos das provações. Mostravam-se contentes e jubilosos o que é simbolizado pelos ramos de palmeira, talvez uma alusão à Festa dos Tabernáculos, festa de alegria e de libertação.

Ambos os grupos, os 144.000 e a grande multidão subsequente, são, na realidade, as mesmas pessoas. No primeiro instante, estão marcados e livres do juízo, quando Deus descer e julgar a terra. No segundo momento, nós as vemos depois de haverem passado pelas provações e dificuldades. Agora têm paz, tranqüilidade, alegria e vitória. Toda necessidade é suprida, toda dor é removida, toda lágrima é enxugada.

Ao finalizar o presente estudo nosso desejo é que esta mesma mensagem, escrita há tantos anos atrás possa também se aplicar a nós hoje. Ou seja, a despeito das dificuldades da nossa vida diária, poderemos ter a certeza de sermos vitoriosos com Jesus.

 

Apocalipse - A Visão da Luta Entre o Bem e o Mal - Estudo 8

Lincoln A. A. Oliveira

Apocalipse - A Visão da Luta Entre o Bem e o Mal - Estudo 8

 

 Apocalipse 12 e 13

Introdução

Alguns comentaristas dividem o livro de Apocalipse em duas grandes partes. Na primeira, que vai do capítulo 1 ao 11, Cristo é revelado como o cabeça da Igreja e o controlador do destino do mundo. Na segunda, que vai do capítulo 12 ao final, são reveladas as provações e os triunfos da Igreja.

Na abertura do capítulo 12, João vê uma radiante mulher e sua descendência e o dragão com seus aliados. No capítulo 13, surgem a primeira e a segunda besta. Estas tudo fazem para destruir a mulher e seus filhos. Quem são ou quem representam essas figuras ? O significado de cada um desses personagens é essencial para a compreensão da mensagem do texto. Quem sairá vitorioso deste embate, é a outra pergunta que permanece no ar.

O Significado da Mulher e do Seu Filho (Ap. 12:1-2, 5,6 e 14-17)

Há controvérsias sobre de quem se trata exatamente esta mulher. Há quem entenda ser ela a Igreja, a comunidade messiânica da qual Cristo nasceu e não a igreja como entidade organizada. Esta abordagem fica ligeiramente prejudicada, à medida que o Novo Testamento nos ensina que foi Cristo quem produziu a Igreja e não o contrário. Uma outra linha de raciocínio afirma que a mulher pode simbolizar Israel, que na pessoa de Maria, deu à luz a Cristo. Quanto à descendência da mulher, é fácil identificar que o filho varão é Cristo e que o "resto de sua semente", são os cristãos.

As Forças do Mal em Guerra (Ap. 12:3,4, 7-17)

Na cena que se segue, as forças do mal são chefiadas por um dragão, identificado como sendo o diabo. Seus aliados, são a primeira besta, que simboliza o imperador de Roma, Domiciano, e a segunda besta, que simboliza a comissão ou junta criada por Domiciano, para exigir de todos o culto ao imperador. As forças do Bem são comandadas por Deus, que também conta com dois aliados: o Cordeiro, que simboliza o Cristo Redentor e a foice, que simboliza o juízo eterno. A batalha será terrível e furiosa, mas a vitória penderá para o lado de Deus.

O dragão tem sete cabeças, significando grande sabedoria, dez chifres, simbolizando grande poder e traz na cabeça sete diademas, iguais aos usados pela realeza, que querem dizer grande autoridade. É tão grande, que sua cauda, com um movimento, pode derrubar as estrelas do céu. Este dragão terrível põem-se diante da mulher em dores de parto para devorar a criança logo que nasça. Deus porém, assim que a criança vem à luz, a leva para lugar seguro, protegendo-a do dragão. Vemos por essa simbologia, como Cristo foi guardado e protegido desde seu nascimento. Segue-se uma guerra no céu, onde o anjo Miguel e suas hostes combatem tenazmente as forças do mal, defendendo o céu dos ataques do dragão. Até este ponto, o diabo perde duas batalhas pois ele não consegue destruir a criança (Cristo) nem invadir o céu. Sua terceira investida volta-se agora contra a mulher (Israel). A mulher, porém, foge e o dragão não consegue destruí-la.

O Significado da Primeira Besta (Ap. 13:1-10)

Os habitantes da terra, exceto os cristãos, adoram a besta e o dragão que lhes conferiu poder. Ele tem autoridade para governar por um tempo e diz blasfêmias contra Deus. Há várias especulações sobre a identidade dessa besta. Freqüentemente, a besta é chamada de "Anticristo", termo não usado no livro do Apocalipse. Os futuristas acham que a besta deverá ser um governante excessivamente mau que ainda está por vir. Não se pode deixar de considerar, porém, dois aspectos: o primeiro, é que o público alvo primário das revelações do Apocalipse eram os cristãos perseguidos e massacrados da época de Domiciano. Nesse caso, que conforto eles teriam em saber que um governante futuro e mau seria destruído pelas forças do bem ? Eles já possuíam uma besta atuando em seu derredor. O segundo aspecto, é que a História tem os seus ciclos e não seria de todo absurdo que uma nova besta surgisse em algum futuro indeterminado. Aliás, há quem diga que Hitler foi uma implementação moderna da besta do Apocalipse.

Entretanto, o ponto aqui é que há fortes evidências de que a besta foi mesmo Domiciano. Ele espalhou pelo império imagens dele próprio para que o adorassem. Os que o cultuavam recebiam na mão ou na testa um sinal, prática comum de algumas religiões pagãs, cujo objetivo era tornar identificável a qual deus uma determinada pessoa era adepta. O sinal, era o nome do imperador. João apresenta o nome com o número simbólico "666". Há várias especulações sobre este número, na tentativa de identificar a besta como sendo outro que não Domiciano. Há até quem o associasse, em passado recente, à logomarca de um banco brasileiro da atualidade, o que parece ser uma leviandade. João não escreveu claramente o nome da besta porque estava em uma situação de exílio e certamente seus escritos eram censurados. Este é um dos principais motivos, se não o principal, para que todo o seu texto tenha sido escrito em uma linguagem apocalíptica, i.e. cifrada ou codificada. Somente os iniciados poderiam entendê-la. Sendo assim, para os seus captores, aqueles textos não passariam de mais conjunto de alucinações análogas às que alguns judeus costumavam escrever ...

Um outro motivo para João não escrever claramente o nome da besta é que a atribuição de um número, dentro da conhecida numerologia judaica, podia transmitir mais informações do que a simples menção do nome da pessoa. Sabe-se que o número seis despertava um certo sentido de temor entre o povo da época. Era considerado um número mau, que tentara chegar sem sucesso ao sete, símbolo da perfeição. Quando o número seis aparecia sozinho, lhe era atribuído, ruindade, desgraça e ruína. O número seis repetido três vezes significaria um poder maligno muito forte, uma situação tão calamitosa, que não poderia haver maior. A besta, à qual João atribuiu esse número, representava a combinação maligna do poder político com a falsa religião. Aliás a História tem mostrado, inclusive recentemente, situações extremas de violação dos direitos humanos quando a força política junta-se à força religiosa, exercendo poder de vida e de morte sobre as pessoas. Portanto esse "666" representava, para aqueles cristãos, alguma coisa muito desagradável, má, terrível, brutal. Ele simbolizava alguém que se fazia aliado de Satanás, com seu culto diabólico imposto a ferro e fogo a todos os cidadãos sob seu domínio.

O Significado da Segunda Besta (Ap. 13:11-17)

Temos quatro elementos que nos ajudam a identificar quem é esta segunda besta:

Dois chifres como os de cordeiro: indicam aparência religiosa por fora, pois que o cordeiro era um símbolo religioso. O fato de ter somente dois chifres pode identificar um poderio limitado. O Cordeiro de Deus é descrito como tendo sete chifres.

A voz do dragão indica que ela fala com a autoridade de Satã.

Seu poder deriva-se da primeira besta.

Verifica-se, portanto, que a missão dessa segunda besta é fazer cumprir o culto à primeira besta. Isso nos leva a identificá-la com chamada "Concília Romana", que era um corpo de oficiais, sediada na Ásia Menor, que tinha como missão obrigar a que todos cumprissem a religião do Estado Romano. Essa Concília tinha como responsabilidade forjar imagens de Domiciano, erguer altares e legislar de modo a fazer com que a religião do Estado fosse adotada por todos. Aqueles que se recusavam a seguí-la, eram perseguidos, não podendo comprar nem vender, casar, deixar herança, ou transferir propriedades. Nenhuma dessas coisas podia ser realizada sem que o sinal do imperador fosse apresentado.

Finalizando, apenas um último comentário para aqueles que buscam profecias para o futuro. À época de Domiciano certamente não deveria ser muito fácil controlar as pessoas através de uma marca gravada na testa ou na mão. Não havia código de barras e nem computador... Mas imagine-se que, com as tendências da tecnologia corrente é possível que no futuro, não usaremos mais dinheiro em papel, mas sim cartões de crédito ou de débito: será o dinheiro eletrônico. Além disso, os números de telefones poderão se transformar em números pessoais, semelhantes ao que hoje acontece com os celulares. Com um sistema desse tipo, quem não estiver habilitado, usando a marca do sistema, e em dia com suas obrigações, não poderá fazer praticamente nada. Nem comprar alimentos. Se houver uma besta apocalíptica no futuro, ele (ou ela) terão muito mais facilidades tecnológicas à sua disposição para controlar as pessoas do que possuía o imperador Domiciano. Mas isto é apenas uma curiosidade.

Independente de se considerar o passado, futuro ou a ambos, fica para nós a mensagem fundamental do Apocalipse: as forças do Cordeiro serão eternamente vitoriosas, e os crentes que forem fieis, vencerão junto com Ele.

 

Apocalipse - A Visão dos Remidos e do Juízo - Estudo 9

Lincoln A. A. Oliveira

Apocalipse - A Visão dos Remidos e do Juízo - Estudo 9

 

 Apocalipse 14

No estudo anterior, dedicado aos capítulos 12 e 13, vimos as forças do mal procurando em vão, destruir a mulher vestida do sol, que representa Israel, como o povo pelo qual o Messias veio à luz. Vimos também essas forças tentando destruir Cristo e os crentes, os filhos dessa mulher. As duas armas usadas por Satanás são a primeira e a segunda bestas. No capítulo 14, ora estudado, Deus se contrapõe à Satanás ao colocar em ação duas armas de ataque contra as forças do mal, que são o Cordeiro (Cristo) e a foice (o juízo divino). Antes de relatar a batalha, que ainda não acontece nesse capítulo 14, o Apóstolo João se vale deste trecho para trazer algumas certezas e advertências sobre o que há de ocorrer. Vejamos quais são elas:

Há uma Ligação dos Remidos com as Hostes Celestiais (14:1-5)

Aqui encontramos o Cordeiro, em pé sobre o monte Sião, juntamente com os 144.000 remidos de Deus sobre a terra. Como visto em outra oportunidade, estes 144.000 significam todos os remidos e não apenas um número limitado de salvos. Estes têm em suas frontes o seu nome e o nome do Pai, em contraste com os adoradores das forças do Mal que haviam recebido na fronte a marca da besta. A principal mensagem aqui é que os remidos na terra, em meio às suas tribulações, podem ter comunhão com o Céu. Há um cântico celestial de vitória cujo significado somente é conhecido