Tipologia Bíblica

16/06/2011 22:43

 

Tipologia Bíblica

 

O apóstolo Paulo escreve em 1 Coríntios 10.6: “...e estas foram-nos feitas em figura...”. A palavra grega tupos, aqui traduzida por “figura”, tem o sentido de “padrão”, “ilustração”, “exemplo” ou “tipo”. Em 1 Coríntios 10.11, Paulo observa: “Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso...”. O quê? Neste caso, Paulo se refere a eventos relacionados ao êxodo no Antigo Testamento. Assim, um tipo é um padrão bíblico, ou uma ilustração bíblica, normalmente extraído do Antigo Testamento, que assume a forma de padrões relacionados a pessoas, acontecimentos ou coisas.
Hebreus 8.5 nos diz que o Tabernáculo foi construído a partir de um padrão celestial que fora mostrado a Moisés no monte Sinai:

“Atenta, pois, que o faças conforme o Seu modelo, que te foi mostrado no monte” (Êx 25.40).

 

Estêvão observou em seu sermão:

“Estava entre nossos pais no deserto o tabernáculo do testemunho, como ordenara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto” (At 7.44).

 

O Tabernáculo e, mais tarde, o Templo são tipos que se tornam padrões que revelam elementos-chave do plano divino de salvação.
Muitos exemplos de como padrões em vidas de indivíduos fornecem um tipo podem ser vistos nas experiências de personagens da história antiga do Antigo Testamento, como Abraão, Isaque e José. Em Gênesis 22, o padrão do sacrifício de Isaque por Abraão prefigura muitos eventos que espelham a morte e a ressurreição de Jesus. O Senhor disse a Abraão:

“...Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá (...) sobre uma das montanhas...” (Gn 22.2).

 

Este versículo oferece um paralelo à entrega que Deus, o Pai, fez de Jesus, Seu Filho unigênito. Acredita-se que o monte na terra de Moriá seja a mesma colina em Jerusalém em que o Templo veio a ser construído e onde Israel ofereceu seus sacrifícios. O ministério de Jesus esteve bastante ligado àquela área. Isaque foi um sacrifício voluntário (Gn 22.5-9), tal como Jesus. A disposição de Abraão em sacrificar Isaque e a eventual provisão de um cordeiro (Gn 22.9-14) retratam o sacrifício e a provisão que Cristo fez definitivamente por nosso pecado.
Certos acontecimentos na vida de José são um tipo e uma prefiguração do relacionamento entre Israel e seu Messias. José revela a seus irmãos um sonho que o apresenta como autoridade sobre eles (Gn 37.5-9). José é rejeitado por seus irmãos (Gn 37.10,11), que planejam matá-lo (Gn 37.18-20), mas acabam vendendo-o como escravo (Gn 37.25-27). Isso retrata a morte, o sepultamento e a ressurreição de Jesus Cristo. Enquanto isso, sem que Jacó, seu pai, nada soubesse, José subira a uma posição de grande poder e influência sobre as nações pagãs por causa dos acontecimentos ligados a uma grande fome (Gn 41). Seus irmãos descem ao Egito em busca de alimento fornecido pelos gentios, e nessa ocasião José misericordiosamente se dá a conhecer a seus irmãos e restaura o relacionamento rompido (Gn 42-45). Esses eventos retratam a conversão escatológica de Israel a Jesus como seu Messias durante a Tribulação, a qual resultará nas bênçãos milenares para Israel (Gn 46).
Há muitos tipos possíveis na Bíblia. No entanto, um evento ou conceito bíblico só pode ser estabelecido como um tipo depois que o texto foi interpretado historicamente e o padrão dos eventos determinado. Conotações tipológicas não podem ser usadas como a primeira abordagem interpretativa de qualquer passagem. A tipologia adequada só pode ser estabelecida após o fato, numa visão retrospectiva, comparando-se os padrões dos acontecimentos históricos ao plano divino para a história, passada e futura.

 

TIPOLOGIA BÍBLICA

 

A Bíblia está cheia de figuras, símbolos, tipos e sombras. Um destes é a figueira. A figueira é um dos símbolos da nação de Israel e algumas referências que falam dela dão-nos uma excelente visão de alguns aspectos desse povo especial, escolhido por Deus. Vejamos:

 

GÊNESIS 3.7 – “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas DE FIGUEIRA, e fizeram para si aventais.”

 

Vemos aqui o primeiro sinal de substituição da providência de Deus pela obra do homem. Este ato apontava para o futuro: um povo, uma raça, uma lei, um rei, um templo, tudo substituindo o governo de Deus.

 

JOÃO 1.48 – “Disse-lhe Natanael: Donde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse te vi eu estando tu DEBAIXO DA FIGUEIRA”.

 

Natanael estava debaixo da proteção de Israel, da sua religião, através da qual podia até aventurar-se em um tipo de interpretação tradicional e perigosa, quando lançou dúvida sobre a veracidade do que lhe dizia Filipe, com esta pergunta sarcástica, estratificante e preconceituosa:

 

Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? (João 1.46).

 

Quando Jesus mostrou seu discernimento profético, Natanael imediatamente reconheceu que a figueira/Israel não era mais a sua proteção, ao afirmar:

 

Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel! (João 1.49).

 

MATEUS 21.19-21 – “E avistando UMA FIGUEIRA perto do caminho, dirigiu-se a ela, e não achou nela senão folhas.”

 

Eis um quadro exato de Israel. Tinha pompa e cerimônias, porém não tinha os devidos frutos, tinha somente aquele belo aspecto exterior, mas era algo sem qualquer valor.

 

MATEUS 24.32 – “Aprendei, pois, a parábola DA FIGUEIRA: quando já os seus ramos se renovam e a folhas brotam, sabeis que está próximo o verão.”

 

Nos últimos dias a figueiras seca começa outra vez a brotar com seus renovos. É a gloriosa restauração da terra de Israel.

 

PROVÉRBIOS 27.18 – “O que trata DA FIGUEIRA comerá do seu fruto.”

 

Aquele que cuidar da figueira/Israel, agora, comerá do seu fruto. Bem aventurados aqueles que amam a Israel e oram por ele, como diz o Salmo 122, versículo 6: “Orai pela paz de Jerusalém: Prosperarão aqueles que te amam.” Ou, como dia o Salmo 137, versículo 5: “Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se a minha destra da tua destreza.”

 

CANTARES 2.11-13 – “Porque eis que passou o inverno, cessou a chuva e se foi; aparecem as flores da terra, chegou o tempo de cantarem as aves, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. A FIGUEIRA começou a dar seus figos e AS VIDES em flor exalam o seu aroma; levanta-te, querida minha, formosa minha, e vem.”

 

Aqui entra em cena outra entidade importante – a igreja cristã – a Videira. A noiva é convidada e a igreja israelita está em sua plenitude aqui.

 

LUCAS 13.6,7 – “Então Jesus proferiu a seguinte parábola: Certo homem tinha UMA FIGUEIRA plantada na sua VINHA e, vindo procurar fruto nela, não achou. Pelo que disse ao viticultor: Há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não acho; pode cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra?”

 

Aqui vimos Israel inserido no contexto da Igreja e Jesus durante três anos tentando descobrir algum meio de Israel frutificar.

 

No versículo seguinte o viticultor pede mais um ano para tentar – era o último ano do ministério de Jesus. A figueira/Israel, contudo, não o recebeu, antes crucificou-o, o que lhe rendeu quase dois mil anos de peregrinação por um verdadeiro vale de lágrimas.

 

JEREMIAS 8.13 – “Eu os consumirei de todo, diz o senhor; não haverá uvas na VIDE, nem figos NA FIGUEIRA, e a folha já está murcha; e já lhes designei os que passarão sobre eles.”

 

Eis aqui o anúncio da queda de Israel e da apostasia da Igreja.

 

JOEL 2.22 – “Não temais, animais do campo, porque os pastos do deserto reverdecerão, porque o arvoredo dará o seu fruto, A FIGUEIRA, e a VIDE produzirão com vigor.”

 

Aqui encontramos exatamente o oposto: o anúncio da restauração de ambos.

 

ZACARIAS 3.10 – “Naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos, cada um de vós convidará o seu próximo para debaixo da VIDE e para debaixo da FIGUEIRA.

 

“No final, uma obra gloriosa, a restauração de Israel, voltando para a Terra Prometida e o anúncio da restauração da Igreja, voltando a sua capacidade original, mas..

 

...cada um no seu lugar!