PARÁBOLA.

28/05/2011 23:33

 

Parábola das Àrvores no Antigo Testamento

 
Parábola das árvores
(Jz 9:7-15)


Essa parábola contada aos homens de Siquém por Jotão, filho mais novo de Gideão e único sobrevivente do massacre de seus 70 irmãos por Abimeleque (outro irmão) é outra profecia em forma de parábola, uma vez que se cumpriu. Abimeleque, filho bastardo de Gideão, aspirava a ser rei e persuadiu os homens de Siquém a matar todos os 70 filhos legítimos de seu pai (exceto o que escapou) e o proclamarem rei. Jotão, o sobrevivente, subindo ao monte Gerizim, proferiu a parábola ao rei e ao povo, fugindo em seguida.

Muitos estudiosos discordam da natureza parabólica do pronunciamento de Jotão. Por exemplo, o dr. E. W. Bullinger, em Figures ofspeech [Figuras de linguagem], diz:

“Não se trata de parábola, porque não há nenhuma comparação, na qual uma coisa é equiparada a outra [...] Quando árvores ou animais falam ou pensam, temos uma fábula; e, quando essa fábula é explicada, temos uma alegoria. Se não fosse a oração explicativa “fazendo rei a Abimeleque” (9:16), o que a torna uma alegoria, teríamos uma fábula”.

O dr. A. T. Pierson refere-se a ela como

“a primeira e mais antiga alegoria das Escrituras [...] Uma das mais lindas, de todas as fábulas ou apólogos de todo o universo literário”.

O professor Salmond igualmente refere-se a ela como

“um exemplo legítimo de fábula [...] os elementos grotescos e improváveis que a tornam um meio inadequado para expressar a mais sublime verdade religiosa”.

Ellicott comenta: “nesse capítulo temos o primeiro ‘rei’ israelita e o primeiro massacre de irmãos; dessa forma, temos aqui a primeira fábula. As fábulas são extremamente populares no Oriente, onde são muitas vezes identificadas com o nome do escravo-filósofo Lokman, o congênere de Esopo [...] A ‘fábula’ é uma narrativa imaginária usada para fixar prudência moral nas mentes”. Junto com outros comentaristas, entretanto, inclino-me para o aspecto parabólico do discurso de Jotão, o qual, como disse Stanley, “falou como o autor de uma ode ingleas”. Lang também.vê o discurso como uma parábola e faz três observações:

1. o material da parábola pode ser verdadeiro, assim como as árvores são objetos reais;

2. o uso desse material pode ser completamente imaginário; como quando mostra as árvores em uma reunião, propondo a eleição de um rei e convidando aquelas que estão em crescimento — a oliveira, a figueira, a videira e o es-pinheiro — a reinar sobre as árvores mais altas, como o cedro;

3. os detalhes imaginários podem corresponder exatamente aos homens que precisavam ser instruídos e aos seus feitos [...] O cedro era o mais alto e imponente; assim também eram os homens de Siquém, que foram fortes o suficiente para levar adiante o terrível massacre.

Ainda, quanto à diferença entre interpretação e aplicação, cumpre dizer que a primeira se relaciona com o problema em questão, a saber, a relação entre Israel e Abimeleque, sendo histórica e local; a segunda é profética, e dispensacional. A interpretação imediata da parábola de Jotão seria: as diferentes árvores são apresentadas em ‘busca de um novo rei’, e sucessivamente apresentam-se a oliveira, a figueira, a videira e, por último, o espinheiro. Nessas árvores desejosas de um rei, temos a apresentação figurada do povo de Siquém, que estava descontente com o governo de Deus e ansiava por um líder nominal e visível, como tinham as nações pagas vizinhas. Os filhos mortos de Gideão são comparados a Abimeleque, como as árvores boas ao espinheiro. A palavra traduzida por reina sobre dá a idéia de pairar e encerra também a idéia da falta de sossego e de insegurança. Keil e Delitzsch, em seus estudos sobre o AT, afirmam:

“Quando Deus não era a base da monarquia, ou quando o rei não edificava as fundações de seu reinado sobre a graça divina, ele não passava de uma árvore, pairando sobre outras sem lançar raízes profundas em solo frutífero, sendo completamente incapaz de produzir frutos para a glória de Deus e para o bem dos homens. As palavras do espinheiro, ‘vinde refugiar-vos debaixo da minha sombra’, contêm uma profunda ironia, o que o povo de Siquém logo descobriria”.

Então, como observaremos, a vida da nação israelita é retratada pela semelhança com as árvores citadas na parábola, cada qual com propriedades especialmente valiosas ao povo do Oriente. Muito poderia ser dito a respeito das árvores, sendo a vida de cada uma diferente uma da outra. Embora todas recebam sustento do mesmo solo, cada uma toma da terra o que é compatível com a sua própria natureza, para produzir os respectivos frutos e atender às suas necessidades. São as árvores diferentes no que se refere ao tamanho, à forma e ao valor. Cada árvore possui glória própria. As fortes pro¬tegem as mais fracas do calor intenso e das tempestades ferozes (v. Dn 4:20,22 e Is 32:1).

A oliveira é uma das árvores mais valiosas. Os olivais eram numerosos na Palestina. Winifred Walker, em seu livro lindamente ilustrado Ali the plants of the Bible [Todas as plantas da Bíblia], diz que “uma árvore adulta produz anualmente meia tonelada de óleo”. O óleo proporcionava a luz artificial (Êx 27:20) e era usado como alimento, sendo também um ingrediente da oferta de manjares. O fruto também era comido, e a madeira, usada em construções (lRs 7:23,31,32). As folhas da oliveira simbolizam a paz.

A figueira, famosa por sua doçura, era também altamente apreciada. Seu fruto era muito consumido, e seus ramos frondosos forneciam um excelente abrigo (ISm 25:18). Adão e Eva usaram folhas de figueira para cobrir a sua nudez (Gn 3:6,7). Os figos são os primeiros frutos mencionados na Bíblia.
A videira era igualmente estimada por causa dos seus imensos cachos de uva, que produziam o vinho — grande fonte de riqueza na Palestina (Nm 13:23). O “vinho, que alegra Deus e os homens”. Sentar-se debaixo da própria figueira ou videira era uma expressão proverbial que denotava paz e prosperidade (Mq 4:4).

O cedro, a maior de todas as árvores bíblicas, era famosa por sua notável altura, pois muitas vezes “media 37 m de altura e 6 m de diâmetro”. Por causa da qualidade da madeira, o cedro foi usado na construção do templo e do palácio de Salomão. Altivos e fortes, eles simbolizavam os homens de Siquém, poderosos o suficiente para levar adiante o terrível massacre dos filhos de Gideão. Lang fez a seguinte aplicação:

“Assim como um espinheiro em chamas poderia atear fogo numa floresta de cedros e assim como um cedro em chamas causaria a destruição de todos os espinheiros à sua volta, também Abimeleque e os homens de Siquém eram mutuamente destrutivos e trocaram entre si a recompensa da ingratidão e da violência das duas partes”.

O espinheiro é um poderoso arbusto que cresce em qualquer solo. Não produz frutos valiosos, e sua árvore, da mesma forma, não serve de abrigo. Sua madeira é usada pelos habitantes como combustível. O dr. A. T. Pierson lembra-nos que “o espinheiro é o sanguinheiro ou ramno” e que “o fogo que sai do espinheiro refere-se à sua natureza in-flamável, uma vez que pode facilmente e em pouco tempo ser consumido”. A aplicação é por demais óbvia. O nobre Gideão e seus respeitáveis filhos haviam rejeitado o reino que lhes fora oferecido, mas o bastardo e desprezível Abimeleque o aceitara e se afiguraria aos seus súditos como espinheiro incômodo e feroz destruidor; seu caminho acabaria da mesma forma que o espinheiro em chamas no reinado mútuo dele para com os seus súditos (Jz 9:16-20). O fogo a sair do espinheiro talvez se refira ao fato de que o incêndio muitas vezes se inicia no arbusto seco, pela fricção dos galhos, formando assim um emblema apropriado para a guerra das obsessões, que geralmente destroem as alianças entre homens perversos.

Embora a habilidade de Jotão no emprego das imagens tenha atraído a atenção dos homens de Siquém e tenha agido como um espelho a refletir a tolice criminosa deles, esse reflexo não os faz arrepender-se da perversidade. Os siquemitas não proferiram sentença contra si próprios, como fez Davi após ouvir a tocante parábola de Nata, ou como fizeram muitos dos que ouviram as parábolas de Jesus (Mt 21:14). Eloquência eficaz é a que move o coração a agir. Os ouvintes da parábola de Jotão ainda toleraram o reinado de Abimeleque por mais três anos.

Para nós a lição é clara:

“O doce contentamento com a nossa esfera de atuação e o privilégio de estarmos na obra de Deus, estando no lugar em que o Senhor nos pôs; e a inutilidade da cobiça por mera promoção”.

Como a oliveira, a figueira, a videira e o espinheiro são muitas vezes usados como símbolos de Israel, será proveitoso reportarmo-nos de modo resumido a essa aplicação:

A oliveira fala dos privilégios e das bênçãos pactuais de Israel (Rm 11:17-25). E corretamente chamada o primeiro “rei” das árvores, porque, por manter-se sempre verde, fala da duradoura aliança que Deus fez com Abraão, antes mesmo de Israel se formar. Na parábola de Jotão, a oliveira é caracterizada por sua gordura e, quando usada, tanto Deus como o homem são honrados (Êx 27:20,21; Lv 2:1). Os privilégios dos israelitas (sua gordura) são encontrados em Romanos 3:2 e 9:4,5. Nenhuma ou¬tra nação foi tão abençoada quanto Israel.

O fracasso de Israel (oliveira) se vê no fato de que alguns de seus ramos foram arrancados, e certos galhos selvagens foram enxertados no lugar. Os gentios estão desfrutando de alguns dos privilégios e das bênçãos da oliveira. De todas as bênçãos recebidas por Israel, a principal foi o dom da Palavra de Deus e o dom do seu Filho. Hoje os gentios regenerados estão pregando sobre o Filho de Deus a Israel, levando até essa nação a Palavra de Deus. A restauração dos judeus, entretanto, é vista em sua gordura, no dia em que

“todo Israel será salvo [...] se sua queda foi riqueza para o mundo [...] quanto mais sua plenitude”.

A figueira fala dos privilégios nacionais de Israel (Mt 21:18-20; 24:32,33; Mc 11:12-14; Lc 13:6-8).

O que caracteriza a figueira é a sua doçura e seus bons frutos. Deus plantou Israel, sua figueira, mas o seu fruto se corrompeu e, no lugar da doçura, houve amargor. Foi o que aconteceu quando o nosso Senhor veio a Israel, pois os seus (o seu povo) não o receberam. Com amargor, os judeus o consideraram um endemoninhado e “formaram conselho contra ele, para o matarem”. Hoje acontece a mesma coisa, pois Israel ainda rejeita o seu Messias e é amargo para com ele. David Baron disse: “Tenho conhecido pessoalmente muitos homens amáveis e de caráter adorável entre os judeus, mas, assim que o nome ‘Jesus’ é mencionado, mudam o semblante, como se tivessem um acesso de indignação [...] cerrando os punhos, rangendo os dentes e cuspindo no chão por causa da simples menção do nome.

O fracasso de Israel se vê no ressecamento da figueira (Mt 21:19,20). Nosso Senhor procurou frutos, mas, como não encontrou um sequer, amaldiçoou a árvore infrutífera, e ela secou. Na parábola de Lucas, ela é derrubada. Essa é a situação de Israel há muitos séculos. A figueira está seca, sem rei, sem bandeira e sem lar. Ela é cauda, apesar da promessa de ser cabeça entre as nações.

A restauração de Israel se observa nos brotos verdes da figueira. O Senhor certa vez amaldiçoou uma figueira, dizendo: “Nunca mais nasça fruto de ti”. Quanto à outra figueira, Israel, no entanto, disse:

“Aprendei agora esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão [...]. Igualmente vós, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas” (Mt 24:32; Lc 21:30).

A videira simboliza os privilégios espirituais de Israel (Is 5:1-7; SI 80:9-19; Ez 15; Jo 15).

O que caracterizava a videira era o vinho, que alegra tanto a Deus como ao homem. O vinho é o símbolo escolhido pelo Senhor para a alegria. Quando Israel tinha os odres de vinho cheios e transbordantes, esse fato servia de prova indiscutível de que a bênção transbordante do Senhor estava sobre o povo e, é claro, de que havia alegria sob a aprovação divina; e o próprio Deus alegrava-se na libação oferecida por seu povo.

O fracasso de Israel se vê na videira consumida e devorada e na vinha pisoteada. Deus trouxe a videira do Egito, plantou-a em lugar preparado, fez tudo por ela, mas ela perdeu o viço, de modo que as suas sebes foram retiradas e a plantação ficou desolada. Não existe mais vinho.

A restauração de Israel acontecerá no dia da visitação de Deus. “Ó Deus dos Exércitos, volta-te, nós te rogamos! Atende dos céus, e vê! Visita esta vinha, a videira que a tua destra plantou [...] Faze-nos voltar, ó Senhor Deus dos Exércitos; faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos” (SI 80). Essa visitação acontecerá na pessoa do Filho de Deus, pois todas as bênçãos espirituais estão nele, e daqui em diante Israel as encontrará somente na Videira Verdadeira.

O espinheiro, a mais insignificante das árvores, só serve para ser queimada. O espinheiro estava disposto a reinar sobre as árvores. E todas elas estavam dispostas a lhe prestar submissão. Isso é profético e reflete o dia em que Israel será dominado pelo Anticristo. O espinheiro é uma árvore cujos espinhos representam a maldição do pecado.

Quando o espinheiro vier, dirá:

“...vinde refugiar-vos debaixo da minha sombra...”. Quando nosso bendito Senhor esteve aqui, disse: ‘Vinde a mim’; e o que teve em resposta foi: “Fora! Fora! Crucifica-o! [...] Não temos rei, senão César”.

Mas, quando vier o espinheiro, eles o receberão e farão uma aliança com ele, depositando a confiança na sua sombra.

Sairá fogo do espinheiro e consumirá a todos. Essa é uma profecia sobre a grande tribulação, a hora da dificuldade para Jacó. Mas o próprio espinheiro será queimado e destruído (Jz 9:20). Isso acontecerá na vinda do nosso Senhor (2Ts 2:8). E a gordura, a doçura e a alegria das árvores abençoarão a Israel e farão dele uma bênção, por meio daquele que morreu no madeiro amaldiçoado.
 

 

domingo, 21 de novembro de 2010

Parábola do Tabernáculo

 
PARABOLA, ESTUDO BIBLICO, TEOLOGIA
Parábola do tabernáculo
(Hb 9:1-10; Êx 25:31)

Neste caso também é o Espírito Santo quem nos autoriza a afirmar que o tabernáculo erigido por Moisés no deserto era uma parábola para nós de uma herança ainda mais gloriosa. “O Espírito Santo estava dando a entender [...] o primeiro tabernáculo [...] é uma parábola para o tempo presente...” (Hb 9:8,9).

As figuras ou os objetos parabólicos, associados a todos os serviços e aos utensílios do tabernáculo, dão margem para muito estudo. De maneira notável, os sacrifícios, as ofertas, as festas e a construção do tabernáculo ilustram a pessoa e a obra do Redentor, bem como as bênçãos e os privilégios dos remidos. O maravilhoso capítulo 9 de Hebreus é a exposição do Espírito Santo acerca do tabernáculo, em que se apresenta um retrato sublime da obra completa de Cristo a favor do crente e da vida dos crentes em Cristo como um todo.

O estudante que deseja entender o significado simbólico das coisas ligadas ao tabernáculo poderá escolher entre as inúmeras exposições sobre o assunto. Alguns comentaristas deixaram a imaginação correr solta na interpretação dos elementos de menor importância dessa construção temporária no deserto. Sabiamente, o dr. A. T. Pierson disse: “Ninguém se pode dar por infalível na interpretação dessas imagens e desses objetos, estando a beleza dessa forma de ensino, em parte, no fato de permitir uma nitidez cada vez maior de visão e uma crescente acuidade de percepção, assim como a nossa vida e o nosso caráter se aproximam da indiscutível perfeição [...] Mas estamos certos de que há uma riqueza de significados imaginável, mesmo aos filhos de Deus, e ainda por explorar, a qual apenas os anos que estão por vir conseguirão revelar e desvendar completamente”.

A principal característica do tabernáculo estava na sua divisão em três partes — a unidade da trindade:

O átrio, com o altar do holocausto e a pia de bronze.

O Santo Lugar, com a mesa dos pães da proposição, o candelabro de ouro e o altar do incenso.

O Santo dos Santos, com a arca da aliança sobre a qual estava o propiciatório.

Nem precisa muita imaginação para vermos, nessas características expressas, uma parábola sobre a obra de Cristo na ordem em que se deu, desde o seu sacrifício vicário na cruz até a descida do Espírito Santo regenerador e santificador, passando por toda a sua jornada como Luz do mundo, Pão da vida e nosso Intercessor além do véu, na presença de Deus.

O tabernáculo pode também ser considerado uma parábola que mostra como o crente pode aproximar-se de Deus em Cristo.

O átrio passa a idéia de dois estados: remissão dos pecados pelo sangue da expiação e regeneração do espírito pela Palavra de Deus e pelo Espírito Santo — condições da comunhão.

O Santo Lugar ilustra as três formas da comunhão — a vida de luz como testemunho, a sistemática consagração interna e a vida de constante oração.

O Santo dos Santos retrata o ideal e o objetivo da comunhão, em que “a obediência perpétua se parece com uma tábua inquebrável da lei, a beleza do Senhor nosso Deus está sobre nós e todos os seus atributos estão em perfeita harmonia com os nossos sentimentos e atividades”. Uma análise mais completa desse fascinante aspecto do estudo da Bíblia, o leitor encontrará no “Old Testament symbolism” [“O simbolismo do Antigo Testamento”], capítulo do livro The study of parables [O estudo das parábolas], de Ada Habershon. Essa talentosa autora tem um pequeno livro, Studies on the tabernacle [Estudos sobre o tabernáculo], com muitos esboços claros e bíblicos que mostram como os detalhes do tabernáculo foram “sombra dos bens futuros” e “figuras das coisas que estão no céu” (Hb 10:1; 9:23; Cl 2:17; Jo 5:45).
 
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sábado, 20 de novembro de 2010

Parábola do Monte Moriá

 
PARABOLA, TEOLOGIA, ESTUDO BIBLICO
Parábola do monte Moriá
(Gn 22; Hb 11:17-19)

E o Espírito Santo quem nos autoriza a classificar como parábola o episódio em que Abraão oferece seu filho Isaque a Deus. O inspirado autor da carta aos Hebreus diz que, depois do ato de obediência de Abraão, Deus “em figura o recobrou” (11:19). A palavra traduzida por “figura” nesse versículo é a mesma traduzida por “parábola” nos evangelhos. A Versão Revisada (em inglês) diz: “Em parábola o recobrou”. O ato de depositar Isaque sobre o altar é uma representação parabólica da morte — parábola em gestos, não em palavras — e sua libertação foi, portanto, uma representação da ressurreição de Cristo. A realização figurada do ato passa para a narrativa histórica: “Pegou no cutelo para imolar o filho...” (Gn 22:10). Essa frase, e o fato de que Abraão cria que Deus era capaz de ressuscitar Isaque da morte, revela a grandiosidade do sacrifício que o patriarca foi chamado a fazer. É interessante observar que Isaque é o único nas Escrituras, além de Jesus, a ser chamado “unigênito” (Gn 22:2; Hb 11:17).

A fé deu a Abraão o poder de atender à ordem divina ainda que implicasse a morte de Isaque. Até o tempo de Abraão, ninguém jamais havia ressuscitado da morte, mas o pai da fé, crendo na promessa de Deus, tinha a confiança de que seu filho, uma vez morto, poderia ressuscitar. Assim, quando Isaque estava sobre o altar, na sombra da morte, Abraão recebeu-o de volta à vida, pela graça de Deus. Quando o patriarca disse aos seus servos “voltaremos a vós” (Gn 22:5), usou o idioma da fé. Abraão nunca duvidou da onipotência de Deus.

Esta narrativa é uma figura impressionante da oferta do Filho unigênito de Deus, que foi por escolha própria entregue “por todos nós” (Rm 8:32) e foi recebido de entre os mortos pelo Pai! (lTm 3:16) A divergência, entretanto, nessa parábola em ação, é o fato de que, embora Abraão tenha oferecido seu filho, este foi poupado. O cordeiro, apanhado entre os arbustos, tornou-se substituto de Isaque e foi sacrificado em seu lugar. Mas Cristo foi o ferido e o aflito de Deus. O Criador deu o seu Filho unigênito para morrer pelos nossos pecados. Nós deveríamos ter morrido, mas Cristo, como o Cordeiro sacrificado, foi morto em nosso lugar. Morreu pelos pecados de um mundo perdido.

Outra mensagem aos nossos corações é a prontidão em fazer a vontade de Deus. Paulo sabia que a grande qualidade do verdadeiro serviço é a nossa disposição: “Pois se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem” (2Co 8:12). Abraão percorreu um longo caminho e sofreu grande angústia para cumprir a vontade de Deus. Tão logo ouviu a ordem divina, manifestou a prontidão de executá-la. Muitos de nós vão só até certo ponto e depois param, como Marcos, que Paulo recusou-se a levar em sua viagem missionária (At 15:18). Abraão destaca-se magnificamente como aquele que foi até onde Deus o permitiria ir.
 
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As Múltiplas Formas da Parábola

 
TEOLOGIA, ESTUDOS BIBLICOS, PARABOLA
Quanta diversidade há nas parábolas bíblicas! Na verdade, são inigualáveis nas suas imagens descritivas. Sob a orientação do Espírito Santo, os escritores da Bíblia exploraram todos os veículos apropriados, para expressar a verdade divina. De fato, precisaram de todos eles para ilustrar a inigualável maravilha da Palavra de Deus, que é radiante em sua riqueza de material parabólico. O resumo que o dr. Graham Scroggie faz das parábolas do NT é aqui aplicado para que entendamos o alcance das parábolas bíblicas como um todo. A medida que formos explicando as parábolas, re¬meteremos o leitor para o campo em que cada uma se enquadra.

1. Reino espiritual: parábolas associadas com céu, inferno, querubins e anjos;

2. Feiômenos naturais: parábolas relacionadas com sol, luz, raios, terremotos, fogo, nuvens, tempestade e chuva;

3. Mundo animado: parábolas relacionadas com criaturas (cavalos, animais selvagens, leões, águias, camelos, bois, ovelhas, cordeiros, lobos, jumentos, raposas, porcos, cães, bodes, peixes, pássaros e serpentes); parábolas ilustradas por plantas e árvores, espinhos, cardos, figos, oliveiras, sicômoros, amêndoas, uvas, juncos, lírios, anis, menta, vinha, cedro e condimento de amoras pretas;

4. Mundo mineral: parábolas simbolizadas por metais (ouro, prata, bronze, ferro e latão);

5. Vida humana: A variedade de ilustrações parabólicas é mui¬to ampla:

• física (carne, sangue, olho, ouvido, mãos, pés; fome, sede, sono, doença, riso, choro e morte);

• doméstica (casas, lâmpadas, cadeiras, alimento, forno, culinária, pão, sal; nascimento, mães, esposas, irmãs, irmãos, filhos, afazeres, casamento e tesouros);

• pastoral (campos, vales, pastores, ovelhas, agricultores, solo, semente, cultivo, semeadura, crescimento, colheita e vinhas);

• comercial (pescadores, alfaiate, construtor, negociante, balança, talentos, dinheiro e dí¬vidas);

• de interesse público (escravidão, roubo, violência, julgamento, punição e impostos);

• social (casamento, hospitalidade, festas, viagens e saudações);

• religiosa (tabernáculo, templo, esmolas, dízimos, jejuns, oração e o sábado).

As páginas seguintes servirão para mostrar que as parábolas da Bíblia são comparações ilustrativas extraordinárias que nos falam sobre a verdade divina. Podem ser definidas como “narrativas criadas com o objetivo específico de representar uma verdade religiosa de forma pictórica”.
 
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Parábola do Verbo Encarnado — João 1:1-14

 
TEOLOGIA, PARABOLA, VERBO, JOÃO
Parábola do verbo
(Jo 1:1-14)

Sem qualquer introdução de si mesmo ou de seu evangelho, João, de modo singular, mergulha abruptamente direto na descrição do Senhor que tanto amava. Ele repete a expressiva figura de linguagem à medida que declara a divindade de Cristo, a saber, O Verbo. Que instrução parabólica encontramos nessa expressão! O que são verbos? Não são vestimentas para os nossos pensamentos? Pensamentos não podem existir sem verbos. Logo, os verbos falados são a manifestação de nossos pensamentos.

Cristo, diz João, veio como o verbo, e como o verbo que se tornou carne, para significar que veio como a revelação da mente de Deus. Por sua vida, obras e ensinamentos, Jesus revelou os pensamentos de Deus para nós. Além do mais, tal designação é símbolo de seu ministério eterno: “E o nome pelo qual se chama, é o verbo de Deus” (Ap 19:13). É maravilhoso saber que, como “o verbo”, ele criou a carne e se compadece da carne — “o tecido transitório e frágil feito a partir do pó”; mas está além de nossa compreensão entender tudo o que está envolto no mistério de sua encarnação. Ele se tornou Deus, em forma humana, para que Deus se tornasse mais real para nós humanos. Ainda assim, o seu corpo mortal, e até mesmo as suas roupas, brilhavam a sua majestade e glória. Nada podia esconder a sua glória como o Unigênito do Pai.


Fonte: All the Parables of the Bible de Herbert Lockyer.
 
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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Parábola do Odre de Vinho — Jeremias 13:12-14